quinta-feira, 22 de maio de 2008

A INDÚSTRIA DE CATARSES

Quando li a respeito do caso do austríaco Josef Fritz fui tomada por um enorme sentimento de repulsa, o mesmo que sentira pouco tempo atrás quando as primeiras manchetes sobre o caso de Isabella começaram a estampar a capa dos jornais. Como um pai - se é que nesse caso cabe o uso deste substantivo - poderia trancar sua própria filha em um porão durante 24 anos? Como um pai pôde ter estuprado essa mesma filha, tendo com ela seis filhos, tornando-se “pai-avô” das crianças? Pior ainda, como tudo isso pôde passar despercebido aos olhos da mulher de Fritz, dos vizinhos e da sociedade? Confesso que uma mistura de choque, indignação e ânsia por justiça são sentimentos quase inevitáveis sob esses questionamentos, e que por poucos instantes me vi quase que nadando, com bóia e tudo, na piscina de notícias sensacionalistas à qual somos submetidos constantemente pelo atual jornalismo.

Não seria de se admirar que notícias acerca desse caso, igualmente trágico e extremo, tomassem conta de todos os tipos de mídia, a exemplo do caso Isabella. Visões privilegiadas, coberturas inéditas e revelações arrebatadoras apareceriam aos montes, numa espécie de venda de camarotes VIP – “assista do melhor ângulo a cobertura de todos os acontecimentos”. Meu deus será que as pessoas não irão acordar para o fato de que a violência doméstica, que é muito mais freqüente do que se imagina e muito menos debatida pela mídia do que deveria, não ocupa o espaço que um caso como este – de evidente psicopatologia – ocupa na imprensa?

Casos como esses não devem ser usados como parâmetro para discussão da população acerca da violência doméstica, pois resultam de problemas psiquiátricos, não massivos. Comportamentos como o de jogar uma criança pela janela ou o estupro de uma filha, mantendo-a em cativeiro por tantos anos, a meu ver não podem ser apenas desvios de conduta. Resta desses casos apenas o sensacionalismo que visa à venda de mídia sem finalidade social.

Crimes como esses devem sim ser punidos com rigidez, mas deve-se atentar a importância que a mídia dá a estes, com o único intuito de provocar uma verdadeira catarse, visando o lucro, e não o jornalismo sério.

3 comentários:

Lauro Rocha disse...

Vamos admitir que trancar uma pessoa em um porão por 24 anos não é para qualquer um. Por mais doente que o cara seja, ele tem a manha.

Uma versão satânica de MGS.

Abraços.

Anônimo disse...

Oi Menina estudiosa........e ai td bem ctg?bom..espero q sim :-)
c vai no mob né?
me add orkut se der!

http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?rl=mp&uid=7805842639764194961

Beijos Querida! & desculpa qualquer coisa é pq ñ deu pra...

Anônimo disse...

adorei te ver, tava linda


beijos natasha