O AUTOR
Nascido em Além Paraíba (MG), no dia 1º de Junho de de 1931, Zuenir Ventura é Jornalista e professor universitário há quase 40 anos. Bacharel em Letras Neolatinas pela Ex-Universidade do Brasil, a atual UFRG, também estudou no Centro de Formação de Jornalistas, em paris, aonde também trabalhava como correspondente da "Tribuna da Imprensa".
Acompanhou em Paris a mobilização dos estudantes no maio de 68. Neste ano era tido como o articulador da imprensa do Rio para o Partido Comunista , sendo preso após o AI-5. Dividiu cela com Hélio Pellegrino, Ziraldo, Gerardo Mello Mourão e Osvaldo Peralva, sendo libertado em março de 1969.
O jornalista foi o editor do Caderno B e criador do suplemento Idéias, ambos do Jornal do Brasil. É um dos fundadores da Esdi-Escola Superior de Desenho Industrial. Trabalhou em vários jornais e revistas de peso, exercendo as funções de repórter, redator e editor. Ganhou o prêmio Esso de Reportagem e o Prêmio Wladimir Herzog de Jornalismo em 1989. É autor do best-seller 1968 - O ano que não terminou, foco das principais críticas e comentários das comemorações dos 40 anos de 68, que tem sido um dos principais temas discutidos durante este ano.
O LIVRO

A obra de Zuenir constitui-se como um relato jornalístico e histórico, em que o "romance" dá uma nova perspectiva e visão da realidade. É preciso que se destaque a fidelidade dos fatos jornalísticos descritos na trama, o que caracteriza o livro como um romance~não-fictício. Isse se percebe ao passo de que os recursos literários são essenciais à narração, que conta a história de umas das épocas mais importantes e marcantes da história brasileira.
A forma de narração utilizada por Zuenir traz um "que" de intimidade do leitor com a história, facilitando que pessoas com menos conhecimento acerca do assunto possam se envolver com a trama. O subtítulo da obra, "A aventura de uma geração", retrata bem a época onde as pessoas queriam se fazer ouvidas. Havia um "espírito de revolução", um "espírito de mudanças", um verdadeiro "espírito de 1968". A leitura da obra permite uma espécie de viagem através dos acontecimentos dete ano, que passam desde o "rito de passagem" de um modo de viver a outro completamente novo, influenciado pela "moda" de experimentar, até a imposição da ditadura com o AI-5, que instituiu a censura, os rituais de tortura e se caracterizou como a derrota, pelo menos momentanea, de uma mobilização pela luta pela democracia e pelos direitos civis.
O livro de Ventura faz um fiel relato da geração de intelectuais, artistas e músicos que nasciam naquele período e que foram duramente repreendidos pela ditadura. Essa geração não se acomodou e nem se intimidou na luta contra qualquer tipo de autoritarismo, sonhando com um mundo justo, pacífico, sem repressões e regido pela imaginação. A trama tenta explicar a explosão de sexualidade, violência, prazer e ansiedade que tanto marcou a memória de 68.

O NOVO
Ventura, em 26 de de Abril deste ano, lançou o livro 1968 - O que fizemos de nós. O novo livro vem em uma caixa acompanhado do já clássico 1968 – O ano que não terminou.
Segundo o autor, sua preocupação “foi encontrar no mundo atual o que nasceu ou se desenvolveu em 1968”. O livro é dividido em duas partes. Na primeira, há um relato do que ocorreu no Brasil ao longo desses 40 anos, no qual Zuenir faz ligações entre os ícones de 68 com os jovens de hoje. Na segunda parte do livro, entrevistas com Caetano Veloso, Fernando Gabeira, José Dirceu, Franklin Martins, Heloisa Buarque de Holanda, Fernando Henrique Cardoso e outras testemunhas que viveram a época.
Se o ano de 1968 terminou? Quanto mais se investiga sobre o assunto, esta é uma dúvida que só aumenta. De todos que escreveram sobre este ano mítico, como afirma Zuenir Ventura, só Morin estava certo: "Vão ser precisos anos e anos para entender o que se passou". E 40 anos, ao que parece, ainda não foram suficientes.